segunda-feira, 14 de março de 2022

Informe MS

 



Assistência à gestante de alto risco pode contar com TeleUTI Obstétrica

Data de publicação: 09/03/2022


O projeto do Ministério da Saúde é uma parceria com a Universidade de São Paulo (USP)


Foto: Paula Bittar/MS

A TeleUTI Obstétrica é um projeto de teleconsultoria do Ministério da Saúde, em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), para apoiar as equipes de profissionais de saúde que atuam na assistência obstétrica e hospitalar no acompanhamento de casos de gestação de alto risco. A estratégia se soma às ações desenvolvidas pela pasta para o enfrentamento da mortalidade materna e infantil no País, em especial, pelos efeitos causados pela pandemia da covid-19. A iniciativa foi lançada, nesta quarta-feira (9/3), na Sala de Congregação da faculdade de medicina da USP. 

O projeto visa possibilitar aos profissionais de saúde uma segunda opinião médica e criar soluções inovadoras para os casos em acompanhamento, além de oferecer operação remota de equipamentos de diagnóstico por imagem, por exemplo tomografia e ressonância magnética, e a telerregulação de casos de urgência e emergência. “O Ministério da Saúde quer inovar com excelência técnica, com  projetos que buscam mudar a realidade da assistência à gestante no SUS”, ressaltou o secretário da Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara.

A teleconsultoria será realizada por especialistas de diferentes áreas, como medicina, enfermagem, nutrição, psicologia e fisioterapia, por meio de reuniões semanais para discussão de casos clínicos, além de 48 aulas assíncronas via plataforma de telemedicina da USP e treinamento presencial de habilidades e competências para enfrentamento da mortalidade. 

A ação é de abrangência nacional e será ofertada para 27 hospitais de referência em gestação de alto risco, de cada estado da federação e Distrito Federal. “Estamos falando de um grande projeto, conduzido por renomados especialistas e amparado nas melhores evidências científicas,  para promover o manejo adequado da gestação de alto risco, em pacientes com covid-19 ou acometidas pelas principais causas de morbimortalidade materna”, destacou o diretor do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, Antônio Braga Neto. 

Outro ganho do projeto é a formação de força de trabalho de saúde digital para a rede do SUS, tais como: telemonitoramento de pacientes crônicos com cuidados integrados, treinamento e capacitação em UTIs, teletreinamento cirúrgico, como utilizando realidade virtual, dentre outros, permitindo o monitoramento de indicadores assistenciais.

“Esse projeto permite que o conhecimento gerado aqui extrapole os muros da faculdade de medicina da USP. Vejo com entusiasmo que estamos no caminho para exercer nosso papel de gerar e compartilhar conhecimento. Uma ciência que não chega onde tem que chegar é imoral”, afirmou a diretora Clínica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, Eloísa Bonfá.

Mortalidade Materna

O projeto é mais uma ação que busca mudar o cenário de mortalidade materna do País. Grande parte dos óbitos ocorrem durante a gravidez ou por complicações durante o parto, e 90% das causas podem ser consideradas evitáveis com atenção à saúde precoce e de qualidade. A mortalidade materna é um importante indicador da qualidade de saúde ofertada para as pessoas e é fortemente influenciada pelas condições socioeconômicas e infraestrutura ambiental, bem como o acesso e a qualidade dos recursos disponíveis para atenção à saúde materna da população. 

A pandemia causada pelo SARS-CoV-2 agravou esse cenário e apresenta-se, hoje, como a principal causa indireta das mortes entre as gestantes. Segundo o Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), de março a dezembro de 2020, ocorreram 551 óbitos em mulheres que se encontravam no período gravídico puerperal, e no período de janeiro a dezembro de 2021 (dados preliminares), ocorreram 1.625 óbitos. Os dados apontam para um aumento das mortes maternas, provavelmente relacionadas ao grande aumento de casos da infecção e da chegada de uma nova cepa com características de ser mais transmissível e possivelmente mais agressiva às gestantes.

Ainda se verifica que os óbitos maternos são mais frequentes em gestantes e puérperas que apresentam comorbidades preexistentes associadas como, obesidade, diabetes mellitus, doenças autoimunes, doença cardiovascular, asma brônquica e hipertensão arterial.