sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Informe MS





Demografia Médica do Brasil é tema da primeira Educação Continuada de 2020

Data de publicação: 18/02/2020

Evento faz parte da agenda de comunicação interna da Secretaria de Atenção Primária à Saúde

Profissionais da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (Saps) participaram de mais uma edição de Educação Continuada na sexta-feira (14). O primeiro encontro do ano teve como tema central a Demografia Médica e contou com a participação da médica canadense Monique Bourget, a irmã Monique, e o biomédico e doutor pela Universidade de São Paulo Alex Jones Flores Cassenote.
A Demografia Médica considera fatores como idade, sexo, tempo de formado e especialização. Além disso, trata de informações sobre fixação e mobilidade territorial, exercício profissional, remuneração, vínculos, carga horária, produção, escolhas e práticas dos médicos. Alex explicou que essas pesquisas servem para planejar como deve acontecer a aproximação da formação e da oferta de médicos especialistas das necessidades do sistema de saúde e da população.  
A irmã Monique abordou os “Fatores de permanência e desligamento de médicos em serviços de Atenção Primária à Saúde na Zona Leste do município de São Paulo”, assunto de sua tese de doutorado. Na ocasião, ela afirmou que o grande desafio dos sistemas de saúde, em especial na atenção primária, é garantir força de trabalho qualificada, suficiente, permanente e adequada a cada realidade.
A pesquisa de irmã Monique aponta que quase metade (45%) dos médicos que atuam na atenção primária à saúde da zona leste de São Paulo, a porta de entrada do Sistema Único de Saúde, deixa o emprego no primeiro ano. O estudo também aponta que o tempo médio até o desligamento do emprego é de dois anos após a contratação, com uma taxa de rotatividade de 45% no primeiro ano. “É um custo muito alto para a gestão trazer esse profissional, fazer a capacitação, a integração”, disse, explicando que a maioria desses profissionais é recém-formada e sem especialização.
A palestrante destacou que a falta de médicos e a dificuldade de acesso aos serviços afetam mais os grupos sociais vulneráveis, municípios pequenos, interiores, áreas rurais, periferias de áreas metropolitanas e serviços do sistema público de saúde, entre outros locais. “É importante pensarmos em mais estudos sobre a colocação de médicos na atenção primária à saúde. É preciso repensar a gestão de pessoas e a interna”, defendeu, ao explicar que o mercado está aquecido para esses profissionais. “O médico de família é cobiçado pelos planos de saúde. É comum ele sair do público e ir para o privado”, ponderou.
Confira as apresentações
O estudo
A pesquisa teve como objetivo geral analisar as características dos médicos vinculados, entre os anos de 2001 a 2016, aos serviços de APS sob gestão da organização Santa Marcelina na Zona Leste Dois do município de São Paulo e os fatores associados ao desligamento desses profissionais dos serviços. A Zona Leste Dois engloba as subprefeituras de Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo, Guaianases, Itaim Paulista, Itaquera, São Mateus e São Miguel.
O campo de pesquisa contou 66 unidades de saúde, 259 equipes de Estratégia de Saúde da Família, totalizando 961.214 pessoas adscritas (quase 40% da população). E o estudo foi realizado com o total de 1.378 médicos. A maioria dos contratados tinha dois anos ou menos de formado (54%) e nenhuma especialidade médica (88%).
Educação Continuada 
A iniciativa tem como objetivo promover debate entre os colaboradores da Saps sobre os principais desafios que são colocados para o SUS. Além disso, tem também a intenção de ampliar o olhar para as possíveis soluções, especialmente no que tange ao papel da gestão federal da agenda Atenção Primária à Saúde.