sexta-feira, 30 de junho de 2023

Informe MS



 

No Brasil, prevalência de quedas entre idosos em áreas urbanas é de 25%

Data de publicação: 24/06/2023


Confira orientações do Ministério da Saúde para evitar a situação, que pode desencadear em fraturas, consequências psicológicas e até mesmo intervenções cirúrgicas


Foto: Freepik

Cair é um evento corriqueiro, mas que pode ter consequências sérias à saúde, principalmente entre pessoas mais velhas. A última edição do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), financiado pelo Ministério da Saúde, revelou que, no Brasil, a prevalência de quedas na população idosa residente em áreas urbanas foi de 25%.

“Trata-se de um evento relevante não só pela frequência com que ocorre, mas pela possibilidade de gerar impactos psicológicos, como medo de cair, e físicos, como fraturas, incapacidade funcional e redução motora, inclusive com risco cirúrgico”, explica a coordenadora adjunta de Saúde da Pessoa Idosa na Atenção Primária, Lucélia Silva Nico. Ela também lembra que esses eventos podem afetar social e economicamente famílias, cuidadores e serviços de saúde.

A ELSI-Brasil, realizada entre 2019 e 2021, também mostrou que os fatores associados à ocorrência de quedas são multidimensionais, destacando: sexo feminino (que apresenta maior prevalência), faixa etária igual ou superior a 75 anos, medo de cair medo de cair devido às más condições das vias públicas, medo de atravessar a rua, artrite ou reumatismo, diabetes e depressão. “Por isso, as ações de enfrentamento ao problema devem ser intra e intersetoriais, considerando a integralidade do cuidado e com ênfase na prevenção”, orienta. Confira, abaixo, algumas dicas importantes neste Dia Mundial de Prevenção de Quedas (24/6):

Ambientes internos

Tanto em casa quanto em ambientes compartilhados, como as unidades básicas de saúde (UBS), é necessário se atentar para:

  • Piso escorregadio;

  • Tapetes soltos;

  • Objetos em áreas de circulação (como brinquedos de crianças);

  • Ausência de barras de apoio e corrimão;

  • Móveis instáveis;

  • Iluminação inadequada;

  • Escadas sem corrimão, sem sinalização;

  • Cadeiras, camas e vasos sanitários muito baixos e sem apoio para se sentar e levantar;

  • Banheiros sem barras de apoio;

  • Bengalas ou andadores com ponteiras danificadas;

  • Sobre a ambiência das UBS, é importante ver se está bem sinalizada em relação a rampas, obstáculos e barreiras.

Na rua

  • Atravesse a rua na faixa de pedestres, olhe sempre nas duas direções e tome cuidado também com os veículos de pequeno porte (bicicletas, motos e outros);  

  • Só atravesse após os carros pararem;  

  • Ao sair para as compras, use sacolas pequenas, evitando carregar peso;

  • Observe o meio-fio quando subir ou descer as calçadas;

  • Preste maior atenção quando estiver andando em lugares que não conhece ou mal iluminados;  

  • Atenção com os buracos e desníveis das calçadas;  

  • Espere que o ônibus pare completamente para você subir ou descer;  

  • Se necessário, use bengalas, muletas ou instrumentos de apoio.

Cuidado integral

Além do ambiente, também é preciso estar atento às condições de saúde da pessoa idosa, vestimentas e demais fatores.

  • Faça exames oftalmológicos e físicos anualmente, em específico para detectar a existência de problemas cardíacos e de pressão arterial;

  • Mantenha na dieta uma ingestão adequada de cálcio e vitamina D;

  • Tome banhos de sol diariamente;

  • Participe de programas de atividade física que visem o desenvolvimento de agilidade, força, equilíbrio, coordenação e ganho de força do quadríceps e mobilidade do tornozelo;

  • Use sapatos com sola antiderrapante;

  • Amarre o cadarço do calçado de forma firme e segura;

  • Substitua os chinelos que estão deformados ou muito frouxos;

  • Use uma calçadeira ou sente-se para colocar o sapato;

  • Evite sapatos com salto ou com sola lisa;

  • Informe-se com seu médico sobre os efeitos colaterais dos remédios que está tomando;

  • Certifique-se de que todos os medicamentos estejam claramente rotulados e guardados em um único local;

  • Tome os medicamentos nos horários corretos e da forma orientada pelo médico.

Entre gestores e profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS), é importante trabalhar a sensibilização da pauta, a capacitação das equipes e os processos de trabalho, com base na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI). Ela apresenta, entre várias diretrizes e ferramentas, a “avaliação multidimensional de saúde da pessoa idosa” na atenção primária à saúde, que direciona a construção de um plano de cuidados que contemple as intervenções mais adequadas e resolutivas, identificando as reais necessidades de suporte e apoio da atenção especializada. Essa avaliação pode ser registrada no e-SUS AB desde 2018.

Outros instrumentos que apoiam as equipes de saúde são a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa e sua ficha espelho; o IVCF-20; as Orientações técnicas para a implementação de linha de cuidado para atenção integral à saúde da pessoa idosa no Sistema Único de Saúde; o mapeamento de boas práticas de gestão estadual e municipal; e os cursos da UNA-SUS sobre envelhecimento e saúde da população idosa.

ELSI-Brasil

O Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros é uma pesquisa longitudinal, de base domiciliar, conduzida em amostra nacional representativa da população com 50 anos ou mais em 70 municípios das cinco regiões geográficas. Ela tem por objetivo examinar os determinantes sociais e biológicos do envelhecimento e suas consequências para o indivíduo e a sociedade. 

A pesquisa é coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz – Minas Gerais (Fiocruz-MG) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com financiamento do Ministério da Saúde e do Ministério da Ciência e Tecnologia, Inovações e Comunicação, e, neste ano, realizará a coleta de dados da terceira edição. As outras aconteceram em 2015-2016; e em 2019-2021.

Laísa Queiroz
Ministério da Saúde